Diário de Bordo – Relatório final

A avaliação sempre foi um tema que me desperta inquietação.




Com o encerramento das escolas e o Ensino Não Presencial (ENP), todas estas questões se fizeram sentir ainda mais… E pior, outras se juntaram:




Com esta Unidade Curricular esperava conseguir, não respostas, mas linhas orientadoras para a minha ação pedagógica, nomeadamente na ação avaliativa.

A certa altura fiquei um pouco desapontada, pois compreendi que os estudos e modelos avaliativos eram, normalmente, direcionados para o ensino superior. Contudo, agora, e fazendo uma retrospetiva, grande parte das aprendizagens realizadas são adaptáveis e acomodáveis ao ensino não superior. Para tal, “basta” uma ação disruptiva em relação a algumas ideias e hábitos pré-estabelecidos.


Não pretendo, com isto, dizer que tudo o que se faz atualmente, em relação a avaliação está errado, compreendo a necessidade de todos os tipos de avaliação.

Mas façamos, então, uma retrospetiva em relação ao percurso nesta UC:

30 e 31 de março
Abre a UC, são duas as docentes que nos vão acompanhar neste percurso. Apresentações feitas, análise do contrato de Aprendizagem, dúvidas esclarecidas e estamos prontos para iniciar mais uma aventura.

1 a 12 de abril – Tema 1: Avaliação Pedagógica – Atuais perspetivas

Com o objetivo de desenvolver as seguintes competências:
  • Analisar a evolução do conceito de avaliação pedagógica;
  • Discutir a avaliação pedagógica como processo de assistência à aprendizagem.
Fomos convidados a analisar o texto Avaliação em Educação: da linearidade dos usos à complexidade das práticas, de Pinto (2015), que nos proporciona uma visão bastante abrangente da avaliação pedagógica e da evolução do conceito. Desta leitura e análise, partilhamos no fórum duas ideias fortes, seguindo-se o debate.

Numa fase inicial, aparentemente tínhamos algumas noções esquecidas, como a avaliação formadora que, praticamente, todos os professores colocam em prática de forma quase inconsciente, e algumas ideias contraditórias, por exemplo, quanto à necessidade da avaliação quantitativa, num sentido institucional, e por forma a dar resposta a necessidades sociais.

O debatemos foi rico, e considero que contribuí para a reflexão coletiva, procurando significar as diferentes triangulações apresentadas por Pinto (2016): saber/professor/aluno, ensinar/formar/aprender e avaliação sumativa/formativa/formadora.

Deixo aqui algumas das, minhas, conclusões resultantes do debate:
  • A avaliação deverá ser, principalmente, um instrumento promotor de aprendizagens, não tendo apenas como objetivo medir, qualitativamente ou quantitativamente, as aprendizagens realizadas.
  • O processo avaliativo deve ser partilhado por todos os intervenientes (autoavaliação, metacognição, avaliação a pares), numa ação colaborativa, com suporte em critérios conhecidos e compreendidos por todos (por exemplo rubricas).
  • Esta visão da avaliação corresponde a uma abordagem socio construtivista, onde o professor assume, principalmente, um papel de mediador e orientador, e os alunos são capazes de autorregularem as suas aprendizagens.
  • Para uma prática avaliativa mais disruptiva são necessárias adequações curriculares, com mais ênfase na formação do aluno, no processo e desenvolvimento da aprendizagem.
  • A autoavaliação possibilita uma maior consciencialização do aluno sob o ato de aprender, permitindo-lhe ter um olhar sobre o seu próprio trabalho, identificando erros e capacitando-o para “encontrar meios para os ultrapassar através do seu próprio envolvimento.” (Pinto, 2016, p.23).
  • Analisando a evolução do conceito de avaliação pedagógica, urge implementar alterações, considerando as novas realidades. É necessária uma nova cultura da avaliação, com enfoque edumétrico e realce na avaliação formativa e as competências do aluno, com base num processo interativo entre intervenientes.
  • As práticas avaliativas nem sempre acompanham os desenvolvimentos teóricos ao ritmo esperado.

12 de abril a 3 de maio - Tema 2: Avaliação Pedagógica Digital em Contextos de Elearning

Com o objetivo de desenvolver as seguintes competências:

  • Perspetivar a especificidade da avaliação pedagógica em contextos de elearning.
  • Analisar modelos teóricos de avaliação em Elearning.
Fomos desafiados e realizar um trabalho de grupo relativo à temática Avaliação Pedagógica Digital em contextos e elearning, conforme apresentado na publicação relativa ao tema.

O grupo foi constituído por mim e pelos colegas Filipe Couto e David Bandé. Um grupo de número reduzido, em comparação com os restantes, e no qual nem todos os constituintes se envolveram ao máximo, devido a dificuldades várias, já justificadas. O principal canal de comunicação utilizado foi o WhatsApp, bem como, e devido à proximidade física de dois dos elementos do grupo, o contacto face a face, conseguindo-se concluir a tarefa solicitada.

O artefacto apresentado foi um vídeo, tendo por base uma apresentação Power Point, acompanhada de uma explicação áudio.

Considero que o nosso artefacto abordou todos os tópicos relevantes relacionados com a temática e, apesar de concordar que resultou num vídeo um pouco longo, observo que este tipo de artefacto tem as suas vantagens. Uma vez que, as imagens são acessórias ao áudio, o aprendente pode, por exemplo, ouvir e aprender, enquanto realiza outras atividades que não exijam foco, como, por exemplo, durante a caminhada de regresso a casa.

Destaco alguns dos principais aspetos referidos na nossa apresentação:
  • O maior objetivo da avaliação deverá ser recolher informações que permitam melhorar a aprendizagem dos alunos e futuras experiências educativas, não é apenas julgar, classificar, atribuir notas. A avaliação deve fazer parte do processo de ensino-aprendizagem, onde o feedback permite melhorar a aprendizagem, no sentido de melhorá-la. Existem Classroom Assessment Techniques (CAT) que facilitam uma avaliação formativas em contexto online. (Porto, 2005)
  • Necessidade de uma abordagem edumétrica para avaliação, com suporte em feedbacks de qualidade e em rubricas, por forma a ser uma avaliação ao serviço da aprendizagem. (Pereira, Oliveira, Tinoca & Amante, 2015)
  • Estratégias de avaliação online, tais como e-portefólio, avaliação entre pares, autoavaliação e o feedback. (Fernandes e Tinoca, 2015)
Os artefactos produzidos pelos diferentes grupos constituíram o ponto de partida para uma discussão alargada, de onde se destaca a necessidade de focar a avaliação numa avaliação das competências (Amante, 2015), de criar uma nova cultura de avaliação das aprendizagens, por exemplo com recursos à avaliação alternativa digital, com recurso ao feedback e feedforward, estratégias construtivistas impulsionadoras de uma aprendizagem mais eficaz.

Durante a discussão, procurei envolver-me nos debates, aportando novas visões, contribuindo para o aprofundamento e esclarecimento de ideias.

10 a 28 de maio – Tema 3: Instrumentos de Avaliação Pedagógica em Contextos de Elearning

Com o objetivo de desenvolver a seguinte competência:
  • Analisar e caraterizar instrumentos/estratégias de avaliação alternativos em contextos de elearning.

O trabalho em grupo, com os colegas Jardel, Natércia e António, exigiu estratégias de comunicação ágeis e um trabalho colaborativo com base na confiança. Assim, depois dos primeiros contactos estabelecidos do fórum da plataforma, optamos por recorrer também ao WhatsApp para comunicações mais rápidas. Decidido instrumento a explorar – o e-portefólio, e o caso real do qual partir, apresentado pelo, Jardel, criamos um Google Doc para que todos fossemos contribuindo para o trabalho. Quando consideramos o texto coeso e completo, decidimos transpor essa informação para uma apresentação no Genia.lly, uma ferramenta que ainda não tinha experimentado, mas gostei.

O e-portefólio, como instrumento de avaliação, permite obter uma maior compreensão das aprendizagens dos alunos, das suas dificuldades, do seu percurso. O e-portefólio corresponderá ao “filme” das aprendizagens. Claro que existem desafios no uso de e-portefólios numa avaliação alternativa digital, mas, tal como nos outros instrumentos analisados, os desafios podem ser superados e os resultados justificam as opções, como ficou claro pelo debate realizado.

Considero que tive uma boa participação nas discussões, tendo contribuído de forma pertinente para vários temas em debate, com contributos relevantes e fundamentados e com a partilha de experiências práticas e recursos.

31 de maio a 30 de junho - Tema 4: Procedimentos e Critérios de Avaliação Pedagógica num Contexto Online

Com o objetivo de desenvolver a competência:
  • Definir o design de avaliação de um módulo de formação em contexto de Elearning.


Um novo grupo se constituiu, e sem repetições, desta vez em conjunto com a Ana Carneirinho, o Alexandre Mattos e a Carla Charana. Tal como no tema anterior, a comunicação foi feita, principalmente, através de WhatsApp, dada situação intercontinental do grupo. O trabalho do grupo teve por base uma proposta de curso online elaborado em contexto académico pela colega Carla Charana e debruçou-se, apenas, sobre o primeiro módulo do referido curso. Toda a proposta de avaliação pedagógica foi desenvolvida de raiz pelo grupo, a sua fundamentação teórica, as rubricas de avaliação e o design de avaliação. Foram ainda propostos outros arranjos. Desenvolvemos o trabalho numa wiki, Notion, a qual também nunca tinha experimentado e considerei de fácil aprendizagem.

Esta atividade talvez tenha sido a de maior exigência e complexidade, uma vez que definir critérios de avaliação não é um processo linear, nem sempre consensual. Isto exigiu maior atenção, por forma a garantir a sua exequibilidade, considerando o modelo escolhido para a sua fundamentação. Contudo, o facto de podermos colocar em prática muitas das aprendizagens realizadas, tornou esta atividade desafiadora e completa.

O desafio em criar rubricas de avaliação foi interessante, pois, e como foi notório na discussão, as palavras usadas devem ser claras por forma a simplificar o processo de avaliação, sem o subjetivar. Procuramos utilizar diferentes instrumentos de avaliação digital que se adequassem às competências a avaliar, pois a diversidade proporciona uma avaliação alternativa digital mais enriquecedora.

A discussão no Fórum foi interessante, na qual me envolvi, contribuindo para o debate, esclarecendo as nossas opções, procurando identificar aspetos que outros grupos poderiam melhorar, num sentido positivista.

No final, em grupo, decidimos incorporar algumas das sugestões apresentadas pelos colegas, bem como considerar os seus comentários para procedermos a algumas alterações, por exemplo incluir a avaliação por pares, tornando o processo avaliativo proposto mais claro. Também incorporamos algumas sugestões mais práticas de navegação, sendo tendo apresentado um documento complementar em PDF.


Conclusão

As metodologias utilizadas nesta UC permitiram a concretização de aprendizagens relevantes e o desenvolvimento crítico em relação a instrumentos e estratégias de avaliação pedagógica no ensino online.

Assim, considero que foram adquiridos os modelos teóricos e conceitos que me irão permitir melhorar a minha prática avaliativa, estando, neste momento, mais capacitada, quer teoricamente, quer pedagogicamente, como tecnologicamente.

Este não é um processo concluído, ficou a vontade de querer continuar a experimentar, adequando as estratégias aos níveis de ensino mais baixos. Alguns dos instrumentos e estratégias foram sendo integrados na minha prática pedagógica, à medida que o semestre foi avançando. Por exemplo, e considerando que durante todo o semestre, como docente, experienciei o ensino não presencial, o feedback mostrou-se um ótimo aliado para orientar os meus alunos no sentido de melhorarem as suas aprendizagens.

Para finalizar, considero que aprendi imenso e com satisfação. A avaliação, para mim, não é um processo justo, mas, pelo menos, penso que adquirir competências para o tornar mais significativo para as aprendizagens dos alunos.

Obrigada a tod@s!

Aos colegas pelas partilhas e desafios e aprendizagens que realizamos em conjunto.

Às professoras pelo design pedagógico que construíram, pois, os vossos feedbacks constantes e direcionados, o acompanhamento e orientação permanente, ajudaram à concretização das aprendizagens. Permitiu-nos, também, aprender vendo e experienciando como se concretizam estas estratégias e instrumentos na prática.



Recursos de aprendizagem disponibilizados pelas docentes ao longo do semestre

· Amante, L. (2011) A Avaliação das Aprendizagens em Contexto Online: O e-portefólio como Instrumento Alternativo. In Paulo Dias & António Osório (Orgs.) Aprendizagem (In)Formal na Web Social. Centro de competência da Universidade do Minho, Braga. https://www.researchgate.net/publication/260677333_A_AVALIAO_DAS_APRENDIZAGENS_EM_CONTEXTO_ONLINE

· Amante, L.; Oliveira, I.; Pereira, A. (2017) Cultura da Avaliação e Contextos Digitais de Aprendizagem: O modelo PrACT. In Revista Docência e Cibercultura. Vol.1, nº 1. (135-150) http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/re-doc/article/view/30912

· Cruz, C., Araújo, I., Pereira, l. & Martins, M. L. (2010). Uma Abordagem da Avaliação online no Ensino Superior: e-portfolios em Redes Sociais. EDUSER revista de Educação, 2(2), 3-27. http://hdl.handle.net/10198/3959


· Freire, A. S.; Ribeiro, F.C.G.; Souza, L. B. (2010) "Mapas conceituais na Educação a Distância: uma análise sob a ótica da Complexidade" In Anais Eletrônicos 3° Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação: redes sociais e aprendizagem. UFP. https://www.ufpe.br/nehte/simposio/anais/Anais-Hipertexto-2010/Cristiane-Sa-Freire&Fabiana-Cristina-Ribeiro&Lidia-Bravo.pdf
Lagarto, J. R. (maio de 2009). Avaliação em e-learning. Educação, Formação & tecnologia (pp. 19-29). ISSN 1646-933X (educom.pt).

· Mateo, J. Sangrá, A, (2007) "Designing online learning assessment throught alternative approaches facing the concerns, in European Journal of Open, Distance and Elearning.http://www.eurodl.org/materials/contrib/2007/Mateo_Sangra.htm


· Pereira, A., Oliveira, I, Tinoca, L., Pinto, M. C., Amante, L. (2015). Avaliação alternativa digital: conceito e caraterização. In Desafios da avaliação digital no Ensino Superior. Lisboa: Universidade Aberta (pp. 6-34) https://repositorioaberto.uab.pt/handle/10400.2/5774
Pinto, J. (2016) A avaliação em educação: Da linearidade dos usos à complexidade das práticas. In L. Amante & I. Oliveira (coords) "Avaliação das Aprendizagens: Perspetivas, contextos e práticas. Lisboa: Le@D, Universidade Aberta (pp. 3-40). https://goo.gl/IWwZc8


· Souza, N. A.; Boruchovitch, E. (2010) Mapas conceituais e avaliação formativa: tecendo aproximações. In Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n.3, p. 795-810, set./dez. 2010. http://www.readcube.com/articles/10.1590%2FS1517-97022010000300010 · Swan, K.; Shen, J.; Hiltz, S. R. (2006) Assessment and collaboration in online learning”, in Journal of Asynchronous Learning Networks Volume 10 Number 1. https://olj.onlinelearningconsortium.org/index.php/olj/article/view/1770/601

· Uchôa, Kátia C, Uchôa, Joaquim Quinteiro (2012). Uma Análise sobre Avaliação Colaborativa em Fóruns de Discussão. CINTED--‐UFRGS. Novas Tecnologias na Educação. V.10Nº 3, dezembro,

· Vonderwell, Selma; Liang, Xin; Alderman, Kay (2007). Asynchronous Discussions and assessment in Online Learning. Journal of Research on Technology in education; Srping 2007; 39, 3; Proquest Education Journals, p. 309. http://onlinelearningcurriculumcommittee.pbworks.com/f/vonderwell.pdf

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