EDUCAÇÃO DIGITAL E ECOSSISTEMAS DE APRENDIZAGEM EM REDE: Modelos Pedagógicos Virtuais

As teorias de aprendizagem, segundo Lima e Capitão (2003), preocupam-se essencialmente com duas questões fundamentais: “qual a natureza do conhecimento?” e “como ocorre a aprendizagem?”. A Teoria Construtivista abraça as necessidades pedagógicas do e-learning, uma vez que o foco pedagógico (ensino) é fomentar e orientar o processo mental do aluno, dado que o conhecimento resulta da construção pessoal, considerando que, no processo de aprendizagem, os modelos mentais do aluno devem ajustar-se e acomodar-se às novas experiências, não se resumindo a aprendizagem apenas à transmissão de conhecimento (Cruz, 2014).

Recorde-se que:

“o objetivo atual da educação é preparar os jovens para as competências exigidas pela sociedade da informação e do conhecimento (trabalho em equipa, saber selecionar, pesquisar, relacionar entre si e sintetizar informação, espírito crítico e capacidade de iniciativa na resolução de problemas). Nesta perspetiva, o construtivismo apresenta-se como a teoria da aprendizagem que melhor se adequa aos objetivos gerais da educação”.

(Lima e Capitão, 2003: 83)

Assim, ao longo dos tempos mais recentes foram surgindo vários modelos pedagógicos associados à educação digital que se adequam ao novo habitat educativo. Conforme afirmam Schlemmer e Moreira (2019, p. 691), “o habitar, no âmbito do aprender, ocorre cada vez mais em contextos multimodais, que coengendram a modalidade de educação presencial física e a online”, não fazendo mais sentido diferenciar o online do offline, mas, em vez disso, falar-se do onlife como a uma nova realidade hiperconectada.

A educação digital, hibrida, multimodal, exige uma nova abordagem pedagógica, que não passa apenas pela parte tecnologia. As práticas têm de ser adequadas e até alteradas, pois os papeis dos professores e dos alunos modificam-se. Assim, como referem Schlemmer e Moreira (2019, p. 693), novos modelos pedagógicos emergem, modelos adequados à realidade virtual, que se , assumem “como um quadro geral de referência das atividades educativas e, simultaneamente, como um instrumento organizador das práticas de ensino e de aprendizagem em ambientes online”, representando uma visão da aprendizagem, com um design pedagógico, linhas de força, princípios teóricos, sustentados por uma ou várias teorias pedagógicas.

Schlemmer e Moreira (2019) apresentam três modelos. A saber:


  • Community of Inquiry (Garrison; Anderson; Archer, 2000)

Em https://coi.athabascau.ca/coi-model/an-interactive-coi-model/

 

·       Modelo de e-moderating (Salmon, 2000)

Em https://www.researchgate.net/profile/Juan-Silva-17/publication/47361876/figure/fig1/AS:669446708400139@1536619941858/Figura-2-Modelo-E-Moderating-Salmon-2000-p26.jpg

 

  • Modelo da Universidade Aberta de Portugal que concretiza alguns dos princípios estruturantes dos dois modelos anteriores.



Moreira e Horta (2020) também apresentam vários modelos de educação e aprendizagem híbridos, onde se procura conjugar “o melhor dos dois mundos”, as vantagens da educação em ambientes virtuais combinadas com os benefícios das salas de aula físicas, remetendo para a ideia de que numa educação híbrida poderemos ter vários níveis de "hibridade".

Poderá cair-se na tentação de pensar que, no limite, a educação online em redes digitais irá substituir os professores ou de que as redes sociais poderão influenciar negativamente os alunos. Mas bem utilizada, a tecnologia apenas permitirá maximizar uma educação plena, com aprendizagens significativas. Contudo, o enfâse nunca poderá centralizar-se ena tecnologia, mas sim repensar a educação usando, de forma eficiente e significativa, a tecnologia. O Objetivo nunca deverá ser transpor a educação presencial para uma educação online, nem vice-versa. Estas modalidades de aprendizagem não são uma extensão uma da outra, mas coexistem, espelhando a realidade do séc. XXI.

 



Referências:

  • Moreia, J.; Horta, M.J. (2020) Educação e Ambientes Hibridos de Aprendizagem. Um Processo de Inovação Sustentada. Revista UFG, v.20, e:66027. Doi: 10.5216/REVUFG.V20.66027
  • Schlemmer, E.; Moreira, J. A. (2019) Modalidade da Pós-Graduação Stricto Sensu em discussão: dos modelos de EaD aos ecossistemas de inovação num contexto híbrido e multimodal Educação Unisinos 23(4): 689-708, outubro-dezembro 2019. doi: 10.4013/2019.234.06

 

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