Educação a Distância e Elearning, o que pensava e o que penso?
Quando se fala de educação e de ensino, todos temos uma opinião a dar, simplesmente pelo facto de todos, de algum modo, estarmos ou termos estado ligados à educação, simplesmente pelo facto sermos ou termos sido estudantes ou, ainda, porque temos filhos, netos, primos, na escola…
Parece-me que o mesmo está a
acontecer com a Educação a Distância e o Elearning. Dois termos que, devido à
recente e atual situação pandémica global, passaram a estar mais presentes no
dia a dia da sociedade, principalmente através das notícias.
Com o aumento diário do número de
infetados por COVID-19, repetidamente se tem discutido o regresso ou não ao
ensino a distância?
O Jornal on-line Contacto, na mesma
notícia, refere o ensino à distância, ensino a partir de casa e Homeschooling
como sinónimos.
Provavelmente, eu, antes de iniciar o mestrado em pedagogia do e-learning, faria a mesma confusão. A falta de conhecimento e de tempo para nos debruçarmos e refletirmos sobre estes termos, facilmente nos conduzem a esta ideia, errada, de “é tudo a mesma coisa”.
Para mim, tudo o que não fosse um ensino
presencial, em sala de aula, seria uma educação à distância ou e-learnig,
se usasse um estrangeirismo.
Mas, depois de alguma pesquisa e da,
ainda, curta, mas profunda, experiência que os estudos neste mestrado me têm
proporcionado, sinto-me capaz de diferenciar os diferentes termos e perceber
que não é tudo a mesma coisa.
Para clarificação, em Portugal, os documentos
normativos diferenciam a educação a distância, do ensino doméstico e do ensino
individual. A Portaria nº 69/2019 define como Ensino doméstico “aquele que
é lecionado, no domicílio do aluno, por um familiar ou por pessoa que com ele
habite, já o ensino individual será “aquele que é ministrado, por um professor
habilitado, a um único aluno fora de um estabelecimento de ensino”. A Portarian.º 359/2019, define a modalidade de ensino a distância como “uma alternativa de qualidade
para os alunos impossibilitados de frequentar presencialmente uma escola,
assente na integração das tecnologias de informação e comunicação (TIC)”, “em
que o processo de ensino e aprendizagem ocorre predominantemente com separação
física entre os intervenientes, designadamente docentes e alunos”, sendo a interação
e participação “tecnologicamente mediadas e apoiadas pelo professor-tutor e por
equipas educativas de ensino a distâncias”, permitindo assim, o recurso a “sessões
síncronas e assíncronas e a utilização do e-learning e b-learning”.
Para Barros (2003), a educação a distância
é uma modalidade de ensino que não recorre necessariamente às novas
tecnologias, é uma modalidade que sempre existiu, mas que se tornou mais evidente
na contemporaneidade devido a alguns fatores que a têm viabilizado de forma
mais dinâmica. A autora afirma que os primórdios da educação à distância remontam
ao século XVIII, quando em Boston se realizou um primeiro curso por
correspondência, sem recursos às novas tecnologias de comunicação e informação
e, muito menos, sem recurso à internet. A partir dos anos 60, começou a fortalecer-se
e a estabelecer-se como uma importante modalidade de ensino e recorrendo a
novos, à data, instrumentos de comunicação entre professores e alunos, tais como
o envio e receção dos materiais educativos, recorrendo a meios impressos, a rádio,
a televisão, entre outros. Em muito países, o desenvolvimento desta modalidade
de ensino foi impulsionado pela forte de necessidade de dar resposta à procura,
o que permitia, ainda, aceder, mais facilmente, a áreas mais remotas.
Em suma, a educação à distância
será uma modalidade de ensino na qual o professor e aluno não se encontram no
mesmo espaço físico , podendo a comunicação produzir-se de forma síncrona ou assíncrona,
através de diferentes meios.
Hoje em dia, com o avançar do desenvolvimento
informático e com a massificação, pelo menos nos países desenvolvidos, do
acesso às novas tecnologias de informação e comunicação, esta modalidade de
ensino passou a ganhar mais forma e adeptos através do recurso ao on-line. Assim,
surge uma nova tipologia de Ensino a Distância, o Elearning (do inglês electronic learning, "aprendizagem eletrônica"), um processo de
aprendizagem através do qual o aprendente acede aos conteúdos disponibilizados através
de equipamentos informáticos (computador e/ou internet) e o professor, quando
existe, encontra-se num outro espaço, podendo acompanhar a aprendizagem, também,
de forma síncrona ou assíncrona.
Como refere Teixeira (2014), neste tipo de
ensino “cabe agora (ao aluno) dirigir a construção do seu próprio de
aprendizagem”, ocorrendo uma “emancipação precoce do aprendente”, por oposição
à ideia da “emancipação progressiva do aluno na qual o professor detinha a
centralidade na condução do processo”, como ocorre, normalmente, na modalidade de
ensino presencial.
Portanto, o Elearning poderá ser definido
como um tipo de educação a/à distância (EaD) na qual se recorrem a equipamentos
informáticos como forma de alcançar a aprendizagem.
Afinal, não é tudo igual!
Barros, D. M. V. Educação a Distância e o
Universo do Trabalho. Bauru-SP: EUDSC, 2003.
Teixeira, A. M; RE)ABRIR A EDUCAÇÃO: Uma
Questão Filosófica, em “Ensinar e aprender filosofia num mundo digital”; Centro
de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2014.
Sobre os autores
referidos:
António Moreira
Teixeira é Professor Associado na Universidade Aberta, investigador no Centro
de Filosofia da Universidade de Lisboa, Presidente da EDEN e também Diretor no IBSTPI.
Doutor, desde
2003, em Filosofia, pela Universidade de Lisboa, tem-se dedicado às temáticas da
educação aberta, à distância e e-learning. Integra o comité científico de inúmeras revistas internacionais e já participou
em mais de vinte projetos internacionais nas suas temáticas de interesse.
Concebeu e coordenou o desenvolvimento da
estratégia de transformação da Universidade Aberta numa universidade exclusivamente
online. Em 2012, foi coautor do primeiro modelo pedagógico institucional para iMOOC, liderando o seu desenvolvimento e implementação, e, em 2014, participou na criação do modelo europeu dos sMOOC.
https://www2.uab.pt/departamentos/DEED/detaildocente.php?doc=73
Com várias
especializações, quatro mestrados, dois doutoramentos e uma pós graduação, afirma-se
uma “entusiasta das tecnologias”.
Conta com
inúmeras publicações na área das tecnologias, educação, formação, ensino à
distância, e-learning, de onde se destacam as suas obras “Estilos De
Aprendizagem E O Uso Das Tecnologias” e “Educação a Distância e o Universo do
Trabalho”.
https://www.escavador.com/sobre/1260296/daniela-melare-vieira-barros
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